Leia aqui mais um artigo sobre a promoção do empreendedorismo nas instituições de ensino superior politécnicas publicado no jornal Vida Económica, assinado por Carlos Brandão, técnico superior e membro da equipa de coordenação PIN do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

Carlos Brandão
Carlos Brandão, Técnico Superior e membro da da equipa de coordenação PIN no Instituto Politécnico de Viana do Castelo

Empreender é também uma questão de atitude e quem mais do que aqueles que quotidianamente se defrontam com maiores dificuldades, como no mundo rural, nos podem dar bons exemplos de construir e criar valor, mesmo nas pequenas decisões com que constroem o futuro.

O mundo rural caracteriza-se por enorme diversidade e variedade ambiental, social, económica e mesmo territorial, o que o transforma num enorme laboratório de experiências empreendedoras. Esta realidade é cada vez mais percetível, mesmo no aspeto mediático e político, dando novo impulso a uma fundamental coesão territorial e à necessidade de definição de estratégias de valorização do interior nacional, seja por via da implementação de medidas descentralizadoras – glocais – seja através de iniciativas que o estimulem como espaço de vida e de criação de valor.

Um ponto prévio será necessariamente uma abordagem prioritária sobre a questão demográfica e fixação de população no mundo rural. Esta é uma questão complexa e decorre de um histórico de desenvolvimento demográfico e social que se refletiu no progressivo despovoamento, no recorrente encerramento de serviços públicos e, consequentemente, na erosão económica e desvitalização social dos espaços rurais.

O empreendedorismo de base rural apresenta-se, neste contexto, como um motor importante para alavancar o tecido empresarial e para potenciar a coesão social e económica das regiões de baixa densidade, com iniciativas empresariais consistentes, seguras e sustentáveis. As características do mundo rural permitem a criação de negócio (muitos de micro e pequena dimensão) refletindo a própria realidade empresarial do país e potenciando, por exemplo, a atividade agrícola, agroalimentar, os produtos tradicionais, o turismo e a cultura, em suma, todo o ecossistema rural.

Da mesma forma, uma nova realidade empresarial, alicerçada no conhecimento e nas novas tecnologias, no trabalho à distância, no capital humano qualificado e na criação de redes de cooperação e inovação serão também fatores para promover o autoemprego, cultivando um verdadeiro espírito de empreendedorismo, espaço para a sua implementação e para o desenvolvimento de novas ideias criativas.

O Ensino Superior Politécnico, em virtude da sua proximidade com as regiões e da sua implantação em territórios, muitas vezes, de baixa densidade, tem enormes responsabilidades em qualificar e dar competências, não só à sua academia, mas também à comunidade envolvente, dando suporte técnico e científico às novas ideias criativas.

Relevamos o papel decisivo do Poliempreende, concurso de ideias empreendedoras para os alunos do Ensino Superior Politécnico que, ao longo de um percurso com década e meia, tem promovido a educação para o empreendedorismo, a cultura empreendedora, metodologias de ensino diferenciadoras e adaptáveis às especificidades de cada sector de atividade, inspirando e estimulando inovação e potenciando, e sobretudo criando emprego e empresas no mundo rural.

Como exemplo desta aplicação de empreendedorismo nestes territórios podemos referir o projeto PIN –  Poli Entrepreneurship Innovation Network que reforça, desde 2015, o trabalho fomento de competências empreendedoras nos estudantes do ensino politécnico e consequentemente a concretização de empresas que valorizam e desenvolvem o mundo rural.

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