Leia aqui mais um artigo sobre a promoção do empreendedorismo nas instituições de ensino superior politécnicas publicado no jornal Vida Económica, assinado por Leopoldina Alves, Professora Coordenadora da ESTG/ Instituto Politécnico de Leiria.

O conceito de empreendedorismo social é relativamente recente contando apenas com 40 anos de existência de forma efetiva e surge como uma nova forma de olhar para o multifacetado conceito de empreendedorismo e para os seus agentes, os empreendedores sociais.
Estes apresentam no seu caráter características peculiares de perceção da realidade que os rodeia, sejam comportamentais ou de atitude, e focam as suas ações em proveito da sociedade, mediante um envolvimento direto com a comunidade com o intuito de a desenvolver, otimizar ou mudar, ou seja, com a consciencialização da necessidade de solucionar ou minimizar um problema social pela criação de valor social.
Deve-se a William Bygrave a identificação das 10 principais características dos empreendedores, as quais foram mais tarde adaptadas ao conceito de empreendedor social por Gregory Dees. Estas características são descritas pelos 10 Ds do empreendedor social: 1) Dream (Sonhadores); 2) Decisiveness (Decididos); 3) Doers (Ativos); 4) Determination (Determinados); 5) Dedication (Dedicados); 6) Devotion (Devotados); 7) Details (Minuciosos); 8) Destiny (Destinados); 9) Dollars (Buscam Dinheiro); 10) Distribute (Partilham).
De acordo com Melo Neto, o empreendedorismo social constitui um “paradigma emergente de um novo modelo de desenvolvimento” que integra as dimensões de desenvolvimento humano, social e sustentável. Se por um lado as dimensões humana e social são facilmente percecionadas, a sustentabilidade da comunidade a que se destina o projeto pode ser alcançada pela via da promoção de acções empreendedoras de carácter social e de novas estratégias de inserção social, sendo o desenvolvimento sustentável da comunidade condicionado directamente por factores que dependem do próprio indivíduo e da comunidade em si.
A linha que separa o conceito de empreendedor privado (vulgo empreendedor) do conceito de empreendedor social é ténue. O empreendedor privado apresenta uma atitude com foco no mercado e/ou no desenvolvimento das organizações e na maximização do lucro, que quando aliada à sua capacidade de inovar pode assegurar o sucesso do seu projeto, geralmente empresarial. A esta forma de empreendedorismo atribui-se uma natureza individual. Já o empreendedor social é colectivo e o seu desempenho é medido pelo impacto social das suas acções. Neste caso ocorre o envolvimento da comunidade onde se insere através da sua participação, integração e desenvolvimento, com o intuito de solucionar carências sociais.
Do ponto de vista global, o empreendedorismo social diz respeito a atividades inovadoras com um objetivo social na sua forma lucrativa (como em investimentos sociais e comerciais, ou na sua vertente de empreendedorismo social corporativo), na sua forma não lucrativa, ou em formas mistas (tais como estruturas híbridas formadas por abordagens não lucrativas e lucrativas em simultâneo). Do ponto de vista mais restrito, o empreendedorismo social normalmente refere-se ao fenómeno da aplicação de conhecimentos e competências de mercado ao setor dos negócios sem fins lucrativos, tal como acontece em organizações que encontram formas inovadoras de ganhar dinheiro. Independentemente da definição mais lata ou restrita, a criação de valor social é algo que está subjacente e é comum a ambas, ao invés da riqueza pessoal e acionista.
As denominadas empresas sociais geridas para “a linha de fundo tripla” foi um conceito que mais recentemente surgiu por intermédio de Eldred. Nestas empresas, além do objetivo de realizar o bem social e de se manterem financeiramente saudáveis, é abraçada uma missão espiritual.
Durante as últimas 4 décadas, diversos programas foram lançados e implementados com o intuito de ajudar pessoas que pertencem a grupos sociais desfavorecidos ou marginalizados. Contudo, uma grande parte destas iniciativas apresentaram fracos resultados em termos de eficácia e sustentabilidade, com reduzido potencial de escalagem dos seus impactos de modo a conduzir a significativas mudanças sociais.
Na promoção do empreendedorismo pela rede politécnica os exemplos de empreendedorismo social não são vulgares, mas foram já observados casos de sucesso que embora não tenham um cariz social em si contribuem para o bem-estar social, tanto regional como nacional. O projeto da rede politécnica PIN- Poli Entrepreneurship Innovation Network, que segue e integra o tão conhecido Poliempreende, não é especifico no seu apoio a este tipo de projetos, contudo, integra-os e apoia-os caso sejam propostos pelas equipas, na sua total abrangência e especificidade.